terça-feira, 1 de novembro de 2011

A história do PalmOS


O PalmOS começou como um sistema muito simples, destinado a oferecer funções de assistente pessoal, utilizando pouco processamento e pouca memória RAM. Essa característica acabou sendo fundamental para o sucesso da plataforma, já que os aparelho podiam ser simples, leves e baratos. Para ter uma idéia, o Palm original, batizado de Pilot 1000 utilizava um processador Motorola Dragon Ball de apenas 16 MHz, combinado com 128 KB de memória e uma tela monocromática de 160×160:
Apesar das limitações, o sistema era surpreendentemente rápido e responsível. Embora fosse monotarefa, o chaveamento entre os programas era bastante transparente, o que criava uma impressão de simplicidade e confiabilidade.
Os primeiros modelos ainda usavam pilhas e memória SRAM, mas incluíam uma solução interessante para evitar a perda dos dados ao trocar as pilhas. Em vez de usarem uma bateria de backup, eles incluíam um pequeno capacitor, que mantinha o fornecimento elétrico para a memória enquanto as pilhas eram trocadas.
Além da simplicidade dos aparelhos, a plataforma contava com boas ferramentas de desenvolvimento, o que levou ao aparecimento de uma gigantesca variedade de aplicativos, cobrindo as mais diversas áreas. Em 1999, apenas três anos após o lançamento do Palm Pilot original, a plataforma já contava com mais de 30.000 aplicativos, e o número continuou crescendo nos anos seguintes.
A plataforma Palm passou por duas grandes mudanças dentro de sua via útil. A primeira foi a migração para os processadores ARM, que aconteceu em 2002, com o lançamento do PalmOS 5 e do Tungsten E. O maior poder de fogo dos processadores ARM permitiu que os Palms exibissem arquivos de vídeo, tocassem MP3 e executassem aplicativos mais pesados, mas em troca tornou a plataforma mais complexa e criou problemas de incompatibilidade com aplicativos antigos, que passaram a rodar via emulação.
A segunda migração foi a inclusão das funções de smartphone, que deram origem à família Treo. Na verdade, o Treo se originou na Handspring, uma pequena empresa fundada por ex-funcionários da Palm, que acabou sendo incorporada por ela em 2003. O "Handspring Treo" passou então a ser o "Palm Treo", que conhecemos.
O primeiro Treo lançado pela Palm foi o Treo 600, lançado em 2003. Ele utilizava um processador de 144 MHz e uma tela de 160×160, que limitavam bastante as funções do aparelho. Em 2004, foi lançado o Treo 650, que trouxe um processador atualizado, de 312 MHz e uma tela de 320×320.
O Treo 650 foi o primeiro a rodar o PalmOS 5.4 (Garnet), que acabou se tornando a versão final do sistema:
Na época, a Palm havia acabado de incorporar a equipe do antigo BeOS e planejada usar o sistema como base para o desenvolvimento do PalmOS 6 (Cobalt), que daria continuidade à plataforma.
Apesar de suas qualidades, o Garnet era ainda um sistema monotarefa, que utilizava uma interface antiquada (mesmo para os padrões de 2004) e era limitado em diversas áreas. Algumas poucas tarefas, como ouvir música usando o Pocket Tunes, podiam ser executadas em background, mas se você estivesse navegando e chaveasse para o notes para fazer alguma anotação, por exemplo, o navegador era fechado e, ao abrí-lo novamente, você voltava a navegar a partir da página home.
Devido ao uso do sistema NVFS e da migração do uso de memória SRAM para memória flash, o sistema tinha também problemas de estabilidade ao rodar aplicativos antigos. Quando um travamento acontecia, todo o sistema parava e a única solução era abrir o compartimento da bateria e pressionar o botão de reset usando a stylus.
O Cobalt, por sua vez, seria um sistema modernizado, com uma interface remodelada, suporte a multitarefa e diversos outros recursos. No papel parecia bom, mas na prática o sistema acabou se revelando muito lento e pesado, sem falar na falta de compatibilidade com os aplicativos antigos, que precisariam rodar dentro de uma nova camada de emulação. Isso fez com que o Cobalt acabasse sendo abandonado, sem chegar a ser usado em nenhum aparelho comercial.




Caio Fonseca